Por Altemir Viana em 17 de agosto de 2020
Todo estudo acerca da imagem pode ser algo fascinante. Para fotógrafos então, algo sedutor. Partindo assim, imagens não só fotográficas, pululam o universo do fotógrafo, bem antes, viaja-se nas imagens do pensamento.
Imagem vem do latim “imago”. Na psicologia, imago aparece como termo criado por Carl Jung em 1912 e depois usado por Freud e outros psicanalistas em seus estudos, se referindo a imagens do inconsciente. Simplesmente na busca de um significado, vemos a representação visual de uma pessoa ou de um objeto.
Podemos ainda buscar nas ciências exatas, como a matemática, um significado maior, e assim encontramos o termo “imagem”, entendido como a representação de um objeto especializado, que exige técnicas e ferramentas especiais.
A imagem é a representação visual de um objeto.
Por isso em Gilles Deleuze, uma afeição de problematização. Em Deleuze encontro o que entendo ser seu termo mais importante, o pensamento. Em seus estudos, as imagens do pensamento sempre se encontram presentes.
Desta forma, entende que as imagens em nossos pensamentos, sofrem influência de nossa natureza e finalidade. Para ele, o senso comum seria o responsável por construir uma imagem do pensamento, imagem que tem origem no conhecimento que possuímos.
Em seu livro “Platão e o Simulacro” (DELEUZE, 2007a), desenvolve de forma clara seu entendimento sobre a imagem. Coloca-nos a ideia adotada na filosofia ocidental como a separação entre dois tipos de cópias, a verdadeira e a falsa. Ainda melhor, a cópia e o simulacro, em que a cópia teria a essência do original, a verdade, e o simulacro a falsidade. Este desenvolvimento está atrelado à filosofia platônica que possui claramente vínculos com a política e a moral. Aqui Deleuze referencia seu reconhecimento à filosofia platônica como a origem do pensamento representacional.
Sua preocupação em abordar Platão, está intrinsecamente ligada à sua preocupação que atrela o pensar a uma representação imagética, mas sim em dar substância a potência criadora que realizamos ao pensar. Também aqui devemos entender que existe uma diferença essencial entre seus dois conceitos que já mencionamos, o pensar e o pensamento.
Pensar traduz uma ação (uma ação de pensar), enquanto o pensamento encontra-se relacionado ao modelo da representação, ou seja, da relação a uma atividade meramente contemplativa. Ou seja, é importante ressaltar, o ato de pensar se encontra relacionado à criação.
Uma importante diferenciação faz-se necessária neste momento. Como podemos diferenciar a cópia do simulacro? Aqui Deleuze baseia-se nos signos, sendo estes importantes protagonistas na produção do pensamento, baseado nas faculdades de recognição e de representação que são geradas pelo ato de pensar, que é a real possibilidade de ação.
Com isso, o nosso senso comum está relacionado ao aprendizado constante, ao mundo dos signos. Aprender os signos é essencialmente conhecermos sua interpretação. O ato de pensar é decifrar e interpretar os diferentes signos que se apresentam.
Faz-se interessante compreender, que as essências formadoras do nosso bom senso, são criadas no ensejo que se desenvolvam pelos indivíduos. É por intermédio das nossas essências que podemos demonstrar nossas singularidades.
Deleuze complementa ainda, mostrando que a principal característica que nos aproxima de nossas essências é o nosso estilo. Na opinião do filósofo francês, é o estilo que seleciona as essências e estas selecionam o estilo. Assim, acredita que a busca da verdade é sempre um objeto involuntário. Começamos através de um desconhecimento sobre nosso estilo, recolhemos nossas essências através de nossos pontos de vista, do bom senso e alcançamos nosso estilo.
Neste sentido, capta-se a realidade através dos sentidos, de nossa imanência. Cria-se nosso devir, através e para um devir pensador. Deleuze propicia, pelos seus estudos, o entendimento do pensador-artista, de uma transformação pelo conhecimento, pela captura de essências que formam nosso estilo e que consequentemente nos individualizam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DELEUZE, G. Proust e os signos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
DELEUZE, G. Platão e o Simulacro. In: ________. Lógica do Sentido. São Paulo: Perspectiva, 2007a. p. 259-271.
Escrito por: Altemir Viana
Fotógrafo. Jornalista repórter fotográfico CRP 18517/RS. Graduado licenciatura em Artes Plásticas e discente do do 5º semestre do curso de bacharel em artes visuais pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Coordena o NUFO- Núcleo de Fotografia Secom - FURG e os projetos CDOC-AV e Narrativas Urbanas do ILA - FURG. Interessado no estudo sobre imagens, educação, estética, meio ambiente e humanidades.